sábado, 3 de outubro de 2009

Memoirs de uma noite mal-dormida

as vezes eu tenho aqueles momentos no melhor estilo hippieestranhoqueficafalandocoisassemsentidonomeiodarua. momentos nos quais eu me pergunto o titulo do filme "Quem somo nós?' ou "Why the Fuck are we Here?" ou "Como diabos tem quem goste de Calypso?". nesses momentos eu não tenho muito o que fazer. na verdade se baseia muito em ficar parado, isolado, e pensando. mas não no silencio. silencio me irrita. eu preciso estar sempre ouvindo musica, 24/7. enfim. ouvindo uma boa e velha musica eu começo a pensar. na verdade, eu raramente faço isso. eu , na minha condição de adolescente ativo não aguento ficar mais de 10 minutos parado sem algo pra me distrair sem ser quando vou dormir. mas eu penso. poucas vezes eu penso mesmo, a fundo, o calor me distrai. odeio o calor de brasilia. lembro que uma vez, durante a minha tenra infancia, eu lembro que uma vez eu fui pensar nisso tudo e eu lembro que, eu cheguei a uma resposta, sim, eu lembro que eu entendi perfeitamente o porque de tudo, quem nós somos, porque estamos aqui, só não respondi a terceira pergunta. enfim, de qualquer forma, eu tinha sacado cara, mesmo, eu lembro que eu me senti felizaço. era de noite, eu tava com um sono do caralho, então pensei 'hmm, voi dormir e amanha eu conto pra mamae o que eu descobri'. eu dormi pensando nessa maravilhosa descoberta, mas, ai, como muitos que me conheçem ja podem prever. eu esqueci. sim. esqueci. esqueci da coisa que teria acabado com todas as guerras, com a fome, e acabado com a profissão de psicólogo. as vezes eu me impressiono.
se bem que hoje em dia, com uma mentalidade mais madura e que não imagina que voce tem um pokemon do seu lado a cada momento, eu fui pensar. talvez eu não tivesse tido uma revelação tao modafoka assim, provavelmente eu devia ter pensado 'nós somos todos treinadores de pokemon e estamos aqui para conseguir todas as esferas do dragão. exato. como não pensei nisso antes? isso faz todo sentido. premio nobel aqui vou eu... mas calypso ainda é uma merda.'
minha memoria me cansa. muitas vezes eu to falando com alguem, se eu crio um pensamento e estou prestes a expressa-lo e alguem me interrompe. eu esqueço completamente o que eu estava falando. é irritante e chato. mas é a vida.
bem. eu começei a escrever esse texto 19:00, e tive que sair, parei na parte do meu real pensamento como criança. agora são 01:07, e pra quem ta acostumado a ir dormir 21:00, isso é um horario epico. to tonto de sono.
uma coisa interessante, quando eu to com muito sono, eu não tenho força de vontade o suficiente de tirar da cama todos as 30 formas de travesseiros que a minha mae cisma em colocar na minha cama, logo, eu não arrumo a minha cama, e se minha cama não está devidamente arrumada eu não durmo direito, então, eu, mesmo ciente que não vou dormir bem ou o suficiente, simplesmente deito na cama e cubro a minha cara com uma das almofadas e durmo. acordo então 3 horas depois, sem sentir que dormiu nada, puto com o mundo por não estar conseguindo dormir de boa, e, estressado, termino de arrumar e me deito. ao deitar, percebo que preciso ir ao banheiro, vou, depois percebo que preciso de agua. minha casa tem 2 andares, e nessas situações que eu crio um odio mortal da minha escada por ela ser tão longa e cansativa de se subir. pego minha agua, bebo, me hidrato, volto pro meu quarto e me deito para dormir. ligo o ventilador porque o calor de brasilia é um c:). então, relaxado e pronto pra dormir na minha confortavel cama, meu ventilador começa a fazer um delicioso barulho de quadro negro sendo arranhado, seguido por uma serie de estalos rapidos. nisso meu sono foi pra pqp, depois todo o som pára, do nada, relaxado, aperto o coberto e volto a dormir. começo a sonhar. belos sonhos, aventuras, diversões, felicidades e um quadro sendo arranhado. pera. hãn?!. eu acordo. o barulho voltou. filhodaput:). irritado não sei o que faço. eu desligo aquela coisa e queimo no confortavel inferno de brasilia, ou deixo ligado e suporto sons altos e insuportavelmente insurpotaveis. não sei. fico indeciso, como já era de se imaginar. então minha reação varia. ou eu fico em agonia na cama até o dia amanhacer quando eu acordarei de mal humor reclamando da minha noite mal dormida ou eu acordo. se eu acordo eu ligo o computador e escuto musica. toda vez que eu acordo eu to com uma musica na cabeça, desde o outono de vivaldi até rocks da melhor qualidade. logo, no computador que eu liguei na possibilidade 2, eu escuto musica. recentemente começei a ouvir constantemente I Am The Walrus, de uma banda que ninguém conhece. é interessante. gostei. to ouvindo ela agora por sinal.
no final das contas, nessa situação presente, eu começei a entrar no meu estado de sono em que eu começo a perder minha força de vontade, então eu vou logo dormir, antes que eu tenha que me cobrir com uma almofada e acordar irritado no meio da noite. então. para o melhor estar de todos. boa noite

Iago Schütte -Goo goo g'joob

Sentiu uma gota de suor descendo pelo lado direito do rosto, em poucos minutos já eram muitas gotas e estavam frias, quase geladas. Não lembrava mais que roupa estava usando, mas a gola da camisa era apertada, talvez estivesse de gravata, não soube precisar.

Ele nunca havia estado tão perto da morte, para ele aquilo devia ser a morte, as sensações, o pânico, só podia ser a morte, ainda não estava entendendo direito. Ouvia vozes, tentava reconhecer as pessoas em volta, mas nada, os olhos estavam turvos e os pensamentos confusos, talvez já estivesse morto, mas ainda não tinha certeza.

Na confusão da memória começou a pensar que ainda era muito jovem para morrer, passou a sentir saudade de tudo que perderia após sua morte, aquele pequeno filme que imaginamos se passar na mente antes da morte começou a rodar.

Ele sentiu saudades da vida, simplesmente da vida, afinal, estando morto não poderia mais curtir o futebol como os amigos e esticar para um puteiro qualquer, não poderia mais curtir a feijoada com pagode no sábado à tarde, imaginou que não iria num samba nunca mais, não iria nunca mais numa festa do peão em Barretos, onde ele se acabava de beber e beijar a mulherada, nunca mais o carnaval na Bahia, o trio elétrico, o beija-beija, as alegrias generalizadas, nunca mais as micaretas em São Paulo e no inteiror, onde o ritual baiano se repetia quase todo mês.

gravataenforcando

Sentiu uma saudade imensa do seu apartamento, onde morava sozinho e tantas vezes recebeu amigos para pizzas, fondues de queijo e vinho, e além disso, era um ótimo abatedouro para receber a mulherada. Lembrou como era bom viver sozinho, deixar a toalha molhada na cama, não levantar a tampa do vaso sanitário, não bater o tapete e deixar tudo para a Edicleuza na segunda-feira.

Sentiu saudade da Edicleuza, ela era uma bela mulata, dessas de novela mesmo, uma companheira e tanto, cuidava de tudo na casa, deixava sempre tudo arrumadinho e cozinhava como ninguém, mas o melhor de tudo é que a Edicleuza não se metia em nada, nunca perguntava por onde ele havia andado e nem ficava arrumando pelo em ovo.

Lembrou-se que ela havia pedido um aumento, a vida estava difícil, filhos pra criar, etc, ficou pensando que se não morresse, se conseguisse escapar, daria um bom aumento pra moça e ainda incluiria assistência médica pra ela e os filhos, queria muito continuar sua vida com a Edicleuza, mas parecia que agora não tinha mais jeito, lá na outra vida não haveria espaço pra ela, ainda mais considerando os dotes físicos da moça.

Continuava suando frio e ouvindo vozes distantes, talvez estivesse em coma, talvez já estivesse na outra vida, tudo muito estranho, será que existia vida após a morte?

Um turbilhão de emoções e de dúvidas tomava conta de sua mente inquieta, ele sabia que esse dia não tardaria a chegar, sabia que a morte era inevitável, mas também sabia que existem vários tipos de morte e que algumas pessoas acabavam escolhendo suas formas de morrer.

Ele já havia sido alertado, afinal, outros amigos e conhecidos já haviam padecido do mesmo mal, e ele testemunhara muitos momentos como aquele que estava vivendo, mas não dava para saber que era daquele jeito, ele imaginou que quando chegasse sua vez seria mais suave, quase indolor, mas não estava sendo nada fácil.

prisao

Sentiu que não tinha mais jeito, não dava pra voltar atrás, ele já estava condenado há quase oito anos e sabia que era inevitável, conformou-se em perder as coisas simples da vida como o direito de fumar na sala, tomando cerveja e vendo futebol, sabia que morrer não seria nada fácil, ele tinha certeza de que não estava indo para o paraíso, mas decidiu agir como sujeito homem.

Aos poucos foi voltando a si e tentando se situar no ambiente, olhou para os lados na tentativa de ver um rosto conhecido e viu Edicleuza chorando discretamente, com um lenço na mão. Olhou novamente em volta e reconheceu os pais de mãos dadas, a mãe também chorava, por último identificou a figura de um padre que tentava lhe trazer de volta a realidade, agora ele tinha certeza, estava morrendo e o padre viera para lhe dar a extrema unção.

Esforçou-se para ficar acordado e ouvir o que o padre dizia, quando este lhe perguntou: “…é de livre e espontânea vontade que o fazeis?”.

Ainda meio absorto ele respondeu automaticamente: “Sim”. E o padre: “Então pode beijar a noiva!”


Fonte:

http://papodehomem.com.br/dos-males-o-menor/


Boa noite a todos

Iago Schütte - Com sede